14 de Julho, 2020
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Tendinite em Equinos
Os equinos são animais reconhecidos pelo excelente desempenho físico. São capazes de saltar longas distâncias, carregar cargas pesadas e atingir altas velocidades ao correr. Por isso, os cavalos sempre participaram de atividades esportivas e de trabalho.
Esses animais realizam esforço físico constante e podem se lesionar, acometendo, principalmente, seus membros. Mesmo com o tratamento adequado, a lesão pode não ser completamente reparada, muitas vezes impedindo que o animal retorne às atividades físicas que desempenhava, gerando grande perda econômica e esportiva. Logo, é muito importante conhecer as lesões e saber como preveni-las para, assim, garantir que o equino tenha maior permanência nas suas atividades. Uma das mais comuns afecções neste contexto é a tendinite. Confira as principais características da tendinite em equinos, suas causas, sintomas e tratamento:
Tendinite
A tendinite é a inflamação dos tendões e da região de ligação entre o tendão e o músculo. É uma das doenças mais comuns em equinos de esporte e é muito preocupante devido ao longo período de cicatrização e recuperação do tendão e grande possibilidade de o tendão nunca voltar às características originais. Compromete o desempenho do animal e ocorre principalmente nos tendões flexores dos membros anteriores em cavalos atletas e nos membros posteriores dos cavalos de sela e tração.
O tendão é uma faixa densa de tecido conjuntivo fibroso, composto principalmente por fibras de colágeno, que tem como principal função transmitir os movimentos dos músculos aos ossos e articulações. Juntos a articulações e ligamentos, os tendões garantem que o animal possa se locomover, sendo de extrema importância para seu desenvolvimento esportivo. São estruturas resistentes, localizadas nas extremidades dos membros, que suportam forças intensas.
Causas
Muito se discute sobre as possíveis causas da tendinite, entende-se que é uma doença multifatorial, ou seja, pode ser causada por diversos fatores. O mais comum, no entanto, é o esforço exagerado e repetitivo sobre as estruturas do tendão, danificando-o e predispondo-o a possíveis rompimentos parciais ou totais.
A tendinite também pode ocorrer devido ao hiperaquecimento resultante de exercícios físicos (hipertermia), capaz de alterar o funcionamento e danificar as células responsáveis pela manutenção do tendão. Além disso, distensão muscular, fadiga muscular após longas corridas, formato dos cascos, ferrageamento inadequado, cavalos pesados ou obesos, idade do animal, intensidade e velocidade do exercício e perda de coordenação de animais cansados também são contribuintes para lesões nos tendões.
Ataduras ou bandagens muito apertadas reduzem a circulação sanguínea no local e podem lesionar o tecido por conta da baixa oxigenação. Estudos revelam que o piso em que o animal treina também pode contribuir para lesões. Pisos rígidos não absorvem bem o impacto e permitem maiores velocidades, aumentando a tensão sobre o tendão.
Sintomas
Os principais sintomas da tendinite são claudicação (o ato de mancar) e sinais clássicos de inflamação, como o aumento de temperatura da região lesionada, inchaço e dor. No entanto, a intensidade desses sinais, assim como em quanto tempo eles aparecem varia de acordo com a gravidade, localização e tipo da lesão. Tendinites no tendão flexor digital profundo, por exemplo, podem ser difíceis de serem caracterizadas pois o inchaço, um sinal característico das tendinites, não é encontrado.
A dor, junto da claudicação, acarreta a queda do desempenho atlético do animal. Com isso, o animal pode apresentar relutância ou estar fisicamente inapto para exercer suas atividades típicas. Ao palpar a região do tendão afetado, é possível identificar se há deformações assimétricas, engrossamento e aumento de temperatura. É comum observar, em casos agudos, o animal mantendo o membro lesionado em flexão passiva (posição em que não se contrai os músculos), apoiando o casco no chão, como maneira de reduzir a tensão sobre os tendões e, consequentemente, a dor.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por um médico veterinário a partir dos sinais clínicos, exame físico e exames de imagem. Primeiramente, deve-se realizar um exame físico detalhado, observando o animal parado e em movimento, além do uso de anestésicos regionais (quando aplicados na região lesionada, o animal deixa de mancar), com o intuito de identificar a região responsável pela claudicação.
Em seguida, exames de imagem são utilizados para identificar e caracterizar a lesão. Dessa forma, é possível apontar o tratamento mais adequado, além de permitir que a lesão seja monitorada durante e após o tratamento para avaliar sua eficácia.
O ultrassom é o exame de imagem mais utilizado por ser um método de diagnóstico prático, acessível e não invasivo, que permite detectar lesões precoces e pequenas, mensurar sua extensão, identificar a localização exata da lesão, a gravidade, alterações na forma e posição dos tendões e determinar a escolha do tratamento mais correto e o prognóstico (resultado previsto após o tratamento). Além do ultrassom, exames como a radiografia, cintilografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética e termografia também podem ser utilizados para definir o diagnóstico.
Tratamento
Há uma grande variedade de alternativas para o tratamento da tendinite. O tratamento convencional é majoritariamente baseado na utilização de anti-inflamatórios e terapia com frio e tem como objetivo diminuir a inflamação, amenizar a cicatrização e promover a recuperação da função e estrutura original do tendão.
Indica-se a combinação de anti-inflamatórios locais (tópicos) e sistêmicos para reduzir a inflamação aguda na região e o dano tecidual que ocorre após a lesão. Os anti-inflamatórios tópicos são uma boa opção por diminuírem o inchaço e permitirem que a dose de anti-inflamatório sistêmico seja reduzida. Além disso, a terapia com frio é muito importante. Se consiste em imersão dos membros afetados em baldes de água com gelo ou duchas frias e auxilia a diminuir o inchaço e a temperatura da região, prevenindo maiores danos às estruturas internas.
Outra medida relevante é enfaixar o membro lesionado com ataduras para controlar o inchaço e providenciar suporte. Inicialmente, o animal deve estar em repouso completo e, conforme a melhora do quadro, deve retornar às atividades físicas de maneira gradual e correta para auxiliar a alinhar as fibras de colágeno.
Técnicas alternativas como as terapias regenerativas buscam melhorar a regeneração dos tecidos danificados. Células-tronco ou plasma rico em plaquetas são aplicados diretamente na lesão e promovem a cicatrização e reparação tecidual. Outras técnicas como natação, terapia com oxigênio hiperbárico, “Soft Laser”, “Shock Wave”, ultrassom terapêutico, acupuntura ou incisão cirúrgica do tendão já foram comprovadas úteis quando feitas em conjunto à terapia convencional.
Prevenção
A cicatrização do tendão é lenta e, mesmo com um tratamento adequado, há a possibilidade de o animal não poder voltar às suas atividades. Logo, a prevenção é extremamente importante. Sabe-se que um ferrageamento correto permite eliminar irregularidades do casco, assim evitando lesões por má distribuição do peso. Além disso, recomenda-se o uso de piso apropriado para o treinamento do animal, sem irregularidades e que absorva bem os impactos
Pesquisas testam a hipótese de que condicionar os tendões de recém-nascidos ou potros podem melhorar a performance e reduzir a incidência de lesões. No entanto, o mais relevante é reconhecer os limites do animal, garantir nutrição adequada, não forçar trabalho e permitir descanso adequado entre as atividades físicas. É necessário planejar os treinamentos e se atentar à distância percorrida, velocidade, frequência dos treinamentos e realizar exercícios de fortalecimento dos tendões.
MAXITEC Injetável
Uma excelente opção de anti-inflamatório sistêmico para o tratamento da tendinite aguda é o MAXITEC Injetável. Oferecido pela Syntec, é um produto injetável à base de Meloxican 3%, um dos ativos mais utilizados no tratamento das desordens musculoesqueléticas, indicado para o tratamento de inflamações agudas, febre e dor associadas em equinos. É um anti-inflamatório não esteroide (AINE). Inibidor seletivo de COX-2, bloqueia a síntese de prostaglandinas envolvidas em processos inflamatórios e oferece segurança na administração em equinos por ter menor incidência de efeitos adversos quando comparado a outros anti-inflamatórios.
É o único do mercado com aplicação em dose única, possui ação anti-inflamatória, antipirética e analgésica com período de duração de 24 horas. A aplicação deve ser feita via intravenosa, em dose de 0,6mg/kg de peso vivo. Outra vantagem de MAXITEC Injetável é seu rendimento. Um frasco de 50mL rende por volta de 5 doses.
Referências Bibliográficas
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