05 de Junho, 2018
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O que é e como tratar a Fascíola hepática
A Fascíola Hepática é uma patologia emergente que vem ganhando importância na Medicina Veterinária por afetar diretamente os animais e a produtividade da propriedade.
Fasciola hepatica na forma adulta
A Fascíola Hepática, também conhecida como Fasciolose, é uma patologia emergente que vem ganhando importância na Medicina Veterinária por afetar diretamente os animais e a produtividade da propriedade. A doença causa danos a saúde dos bovinos e dos pequenos ruminantes, resultando em grande perda econômica para os pecuaristas. Quando presente nos rebanhos, causa perda de peso, diminuição da fertilidade, queda na produção e na qualidade do leite, atraso no crescimento e condenação de carcaça. Além desses problemas, o parasita causador da Fascíola pode infectar eventualmente o ser humano, caracterizando a enfermidade como uma zoonose de caráter crescente. No Brasil, o diagnóstico é frequente, sendo o Rio Grande do Sul o estado com maior número de ocorrências.
O QUE É
É uma enfermidade causada pelo Fasciola hepatica, um platelminto da classe Trematoda, que acomete o fígado e as vias biliares dos animais. São parasitas acelomados em forma de folha que podem alcançar até 3 centímetros de comprimento. Os hospedeiros definitivos mais comuns são os bovinos, ovinos, caprinos, equinos e o homem.
CICLO BIOLÓGICO
O platelminto causador da Fasciolose possui um ciclo complexo por conter diversos estágios. Ele necessita passar por um hospedeiro intermediário, que normalmente são caramujos do gênero Lymnaea sp., para posteriormente encontrar um hospedeiro definitivo. Esses caramujos possuem papel fundamental por participar da maioria das etapas. É importante destacar que as condições de temperatura e umidade devem ser adequadas para que o ciclo biológico seja efetuado por completo.
Ovo: quando os ovos são eliminados junto as fezes pelo hospedeiro final, eles não se apresentam embrionados. Para que esse processo ocorra, é preciso um ambiente aeróbico e com umidade, além de uma temperatura de 10ºC a 30ºC. Dessa forma, com as condições ideais, há o início do desenvolvimento do embrião, que resulta em uma larva com cílios chamada de miracídio.
Miracídio: essa etapa tem duração de 15 dias e consiste na ruptura do ovo para a liberação do miracídio. Esse processo acontece pela ação de uma enzima produzida pelo próprio miracídio, que em conjunto com a luz do ambiente promove a quebra da casca, possibilitando a saída da larva para o meio externo. Em seguida, a larva necessita nadar para encontrar um hospedeiro intermediário e dar sequência ao ciclo. Fatores como temperatura, pH da água, oxigênio e presença de substâncias atrativas presentes no muco dos caramujos são fundamentais para o mecanismo.
Esporocisto: uma vez estabelecido o contato com o hospedeiro, inicia-se o processo de penetração através de ações mecânicas e proteolíticas. Após a penetração, os miracídios perdem seus cílios e migram por meio dos vasos sanguíneos até a região periesofágica do caramujo. Nessa região ocorre a transformação em esporocisto. Cada esporocisto corresponde a uma estrutura com células germinativas que quando desenvolvidas dão origem as rédias.
Rédias: são compridas, com aspecto cilíndrico e com boa capacidade de movimentação. Suas migrações podem causar lesões e infecções no hospedeiro. Sua evolução consiste na formação das cercárias.
Cercárias: as cercarias são parecidas com um girino e integram a ultima fase larval do ciclo dentro do hospedeiro intermediário. Nessa fase, sua forma já aparenta bastante semelhante à forma adulta.
Metacercárias: após algumas semanas, as cercárias desocupam o caramujo e procuram ficar próxima as plantas na margem do rio. Na sequência se transformam no ambiente em metacercárias. Esta é forma infectante para o hospedeiro definitivo, os ruminantes.
Infecção: a infecção acontece com maior frequência através da ingestão das metacercárias na pastagem, que podem ser ingeridas também pelo consumo de água contaminada. Quando estão dentro do organismo do mamífero, chegam ao intestino delgado e atravessam a parede intestinal, caindo na corrente sanguínea. Por meio da circulação, o parasita se aloja no fígado e nos ductos biliares, provocando lesões. Com o passar das semanas, atingem a maturidade sexual e dão início a liberação de ovos, completando todo o ciclo.
EPIDEMIOLOGIA
A presença da Fasciola hepatica depende totalmente dos fatores que beneficiam os hospedeiros intermediários, a exemplo das condições ideais do habitat. Dentre essas condições, devemos destacar principalmente a umidade e a temperatura. Os locais que permitem boas condições de vida para os caramujos são de água rasa e parada, como em margens de valas e lagos pequenos. Lugares que possuem barro em abundância também, uma vez que após as chuvas fortes, o pisoteio dos animais na pastagem colabora para a formação de poças de água temporárias.
A melhor temperatura para os caramujos é a partir de 10°C entre o dia e a noite. Quando a temperatura fica abaixo de 5°há a interrupção das atividades metabólicas do caramujo e das larvas por vários meses, até as condições se tornarem mais favoráveis.
SINAIS CLÍNICOS
Não são notadas manifestações importantes quando há poucos parasitas nos ductos biliares. Entretanto, se houver grandes quantidades, as lesões podem ser graves por causar danos ao fígado e por possibilitar invasões secundárias de bactérias (Clostridium). A Fascíola Hepática pode se manifestar de duas maneiras, na forma aguda e crônica:
Aguda: não é frequente e está relacionada com a ingestão das metacercárias, que quando adentram no parênquima hepático, provocam inflamações. Nessa forma, os animais podem apresentar depressão, dores abdominais, hipertermia, inapetência, diminuição do escore corporal, atonia ruminal, ascite, icterícia e mucosas pálidas. Se houver grande perda sanguínea e falha da função hepática, o quadro pode levar a óbito.
Crônica: apresentam perda de peso, anorexia, mucosas pálidas e icterícia. Podem também manifestar letargia, anemia e edema submandibular e abdominal. Na evolução do quadro, outros sinais podem aparecer, como a inapetência, pelo eriçado, diarreia, diminuição da produção de leite e atraso no crescimento.
DIAGNÓSTICO
A técnica mais comum é o exame coproparasitológico. Porém, só é possível realizá-lo depois da liberação dos ovos, que acontece normalmente por volta de três meses após a infecção inicial. A observação dos sinais clínicos, o tipo de clima e a presença de caramujos na região pode ser uma boa forma de concluir o diagnóstico. Também podem ser feitos exames complementares, como testes laboratoriais sorológicos, que possibilitam a avaliação dos níveis plasmáticos das enzimas hepáticas. Além desses, existe o ELISA que pode ser uma boa alternativa por realizar a pesquisa de anticorpos contra o parasita.
TRATAMENTO
O tratamento é feito através do uso de fármacos fasciolicidas. São eles: albendazol, closantel, rafoxanida e riclabendazole. O ideal é que o medicamento eleito seja eficaz no combate as formas imaturas e adultas do parasita.
PREVENÇÃO E CONTROLE
Para prevenir e controlar a Fasciolose é necessário limitar a população de caramujos presentes nas pastagens. Isso é possível através da modificação do seu habitat com a diminuição das áreas alagadas, com o uso de drenagem e com a implantação de inimigos naturais, como patos, marrecos e peixes. Além desses métodos, é recomendado evitar a presença dos animais em áreas contaminadas, bem como aplicar endoparasiticidas e fazer a rotação de pastagens.
PRODUTOS DISPONÍVEIS PARA O TRATAMENTO
A Syntec do Brasil disponibiliza alguns produtos que podem ser utilizados como parte do tratamento da Fascíola Hepática (Fasciolose):
ALNOR 10%: É um endoparasiticida à base de albendazol 10%, indicado para o tratamento, em bovinos acometidos pelas parasitoses gastrintestinais causadas por vermes redondos (Nematelmintos), nas suas formas adultas, larvares e ovos, vermes chatos cestódeos (Taenia), parasitose pulmonar ocasionada por Dictyocaulus viviparus e parasitose hepática por formas adultas de Fasciola Hepatica.
É indicado também para o tratamento, em ovinos, das parasitoses gastrintestinais causadas por vermes gastrintestinais (Nematelmintos), nas suas formas adultas, larvares e ovos, vermes chatos cestódeos (Taenia), parasitose pulmonar ocasionada por Dictyocaulus viviparus e parasitose hepática devido às formas adultas de Fasciola (hepatica e gigantica).
REFERÊNCIAS
ALVES, D.P; MARTINS, I. V. F. Atualizações no controle parasitário da Fasciolíase em bovinos. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p. 2013.
MOLENTO, M.B; DUTRA, L. Fascíola hepática em ovinos e caprinos. MILK POINT, 2008. COSTA, A. M. B. C. Fasciolose bovina: aspectos clínicos e epidemiologicos no Alentejo. Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, Universidade técnica de Lisboa, Faculdade de Medicina veterinária. 2010.
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