02 de Junho, 2018
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Coccidiose em animais de produção
A coccidiose é uma enfermidade causada por protozoários do gênero Eimeria e Isospora. A doença é caracterizada por causar lesões na mucosa intestinal que afetam diretamente a saúde e o bem-estar dos animais.
Assim, a infecção diminui a produtividade e promove grandes perdas econômicas para os criadores de bovinos, ovinos, caprinos e suínos.
COMO O ANIMAL PODE SE INFECTAR?
Os animais são infectados através da ingestão de oocistos (ovos) presentes na água, nos alimentos e nas fezes de animais contaminados.
CICLO BIOLÓGICO
Os oocistos contaminam o ambiente por meio das fezes, que são eliminadas por um indivíduo infectado. Quando estão no ambiente, os oocistos não se apresentam esporulados e, portanto, não estão em um estado infectante. Para atingir esse estado infectante, é necessário que o ambiente esteja em condições adequadas de temperatura, umidade e oxigenação. A esporulação é um meio de reprodução dos protozoários, que acontece através da liberação de células especializadas no ambiente (esporos) para o crescimento de um novo microrganismo.
Durante esse processo, o oocisto apresenta dois esporocistos (estrutura que produz esporos assexuados), contendo quatro esporozoítos cada. Esse oocisto, que agora está esporulado e infectante, adentra no organismo do animal por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. Em seguida, ao chegar no trato digestivo, os oocistos liberam os seus esporozoítos para a luz intestinal por conta da ação das enzimas e sais biliares presentes naquele local.
Os esporozoítos, livres no intestino, entram nos enterócitos (células epiteliais da camada superficial dos intestinos) e dão início a um processo de desenvolvimento endógeno. Esse processo consiste na multiplicação intracelular por meio da reprodução assexuada, formando esquizontes e merozoítos, e em seguida de forma sexuada, formando gametas masculinos e femininos. A junção desses dois gametas dá origem a um novo oocisto.
SINAIS CLÍNICOS
Os sinais mais comuns nos animais de grande porte são: desidratação, dores abdominais, hemorragia no intestino, inflamação com presença de pus, diarreia sanguinolenta, apatia e perda de peso. É importante destacar que a gravidade da doença e o aparecimento dos sinais clínicos dependem da idade, da quantidade de oocistos infectantes presentes no organismo e da sensibilidade do hospedeiro. Em animais adultos, os sintomas raramente são apresentados, já que a forma subclínica da doença é a mais comum nesses casos.
Coccidiose subclínica
É a que causa maiores prejuízos ao produtor, já que é de difícil percepção por ter sinais brandos, como diminuição do consumo de alimentos, queda na conversão alimentar, e atraso no desenvolvimento. É difícil de diagnosticar por ser confundida com outras enfermidades crônicas, como verminoses, desnutrição, deficiência de minerais, entre outras.
OCORRÊNCIA
A coccidiose aparece frequentemente em animais jovens, animais que vivem em grupos confinados, e lugares com pouco saneamento e em animais que não estão em boas condições nutricionais. Por não possuírem suas defesas naturais totalmente desenvolvidas, a infecção nos animais jovens é mais frequente, e ocorre rapidamente e com maior gravidade na maioria dos casos. O estresse é um fator determinante que reduz a eficiência do sistema imunológico, predispondo o animal à doença.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da coccidiose é feito com base nos sinais clínicos apresentados, no histórico do animal e através do exame de fezes, que detecta a presença dos oocistos. Entretanto, o exame nem sempre é eficaz no diagnóstico, uma vez que as lesões intestinais e a diarreia acontecem antes mesmo da liberação dos oocistos nas fezes. Dessa forma, é indicado repetir o exame algumas vezes em caso de um resultado negativo.
PROGNÓSTICO
A grande maioria dos animais infectados por coccídios sobrevivem a essa enfermidade. Assim, com tratamento adequado, o prognóstico é considerado positivo.
PREVENÇÃO
A prevenção da coccidiose consiste em uma série de medidas que devem ser implantadas nas propriedades. Primeiramente, é importante identificar e separar os animais infectados dos animais saudáveis. Em seguida, é necessário higienizar todo o ambiente fechado com desinfetantes que são efetivos contra esporos. Além do ambiente, os comedouros e bebedouros não devem ficar em contato com o solo e devem ser mantidos limpos. Outras medidas como evitar situações de estresse (transporte, mudança repentina da alimentação, maus-tratos), proteger os dispositivos de irrigação da contaminação fecal e alojar os animais recém-nascidos em quartos limpos e secos também são indicadas.
Mesmo que na maioria dos casos os animais permaneçam assintomáticos, a coccidiose não pode ser considerada inofensiva. Portanto, é fundamental fazer a prevenção e tratar animais diagnosticados para que não se tornem uma fonte de infecção. Caso algum animal apresente sintomas similares, procure um médico veterinário rapidamente.
TRATAMENTO
As drogas mais utilizadas e com conhecido efeito coccidicida (que elimina todas as fases evolutivas do protozoário) são as Sulfonamidas. O tratamento que varia de 3 a 8 dias, dependendo do caso. Existem também as drogas coccidiostáticas, que atuam impedindo a reprodução do parasita, sendo mais utilizadas como preventivas, entre elas estão a monensina, salinomicina, decoquinato, triazinonas e amprólio.
PRODUTO DISPONÍVEL PARA AJUDAR NA PREVENÇÃO
A Syntec do Brasil disponibiliza um desinfetante para ajudar no controle ambiental da doença.
GLIOCIDE: Desinfetante composto com alto poder germicida, Gliocide é um produto à base de Cloreto de benzalcônio (Quaternário de amônio) e Glioxal.
Quaternário de amônio (cloreto de benzalcônio): desinfetante de baixa toxicidade, muito utilizado para superfícies em clínicas e hospitais veterinários. Eficaz contra fungos, vírus envelopados e bactérias. Não é irritante para pele.
Glioxal: é considerado um desinfetante de alto nível, apresenta propriedades desinfetantes similares ao glutaraldeído. Seu espectro de ação abrange vírus (inclusive não envelopados), fungos e bactérias gram-positivas e gram-negativas. Apresenta atividade contra esporos bacterianos. Os aldeídos, entre eles, Glioxal, tem sua eficácia aumentada quando são associados com ativos catiônicos, como o quaternário de amônio.
Se você é Médico Veterinário, adote a limpeza com estes produtos de forma regular e preventiva em sua clínica ou hospital, e não esqueça de recomendar o seu uso, especialmente para criadores.
PRODUTO DISPONÍVEL PARA TRATAMENTO
SULFATROX: antibiótico à base de Sulfadiazina + Trimetoprima, é uma associação terapêutica para uso injetável (via intramuscular), indicado no tratamento de processos infecciosos dos bovinos, suínos, ovinos e equinos. A administração de Sulfatrox é de 1mL para cada 30kg de peso diariamente por 5 a 7 dias, ou conforme orientação do médico veterinário.
REFERÊNCIAS
BHOJANI, R.J. et. al. Therapeutic Management of Eimeriosis in Calves. Intas Polivet, v. 17(I), p.83-84. 2006.
REDDY, B.S; SIVAJOTHI, S; RAYULU, V.C. Clinical coccidiosis in adult cattle. Journal of Parasitic Diseases, V. 39, C. 3, p. 557-559. Setembro de 2015.
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